Conheça o RPG essencial para entender a trama de Stranger Things – e descobrir o que acontecerá na S3!
Se há um seriado que uniu nerds e não-nerds em maratonas de binge watching nos últimos tempos, este seriado se chama Stranger Things! Além da temática ‘anos 80’ – que atrai telespectadores de todas as idades pelo fator nostalgia -, outro elemento que todo fã da série adora são as inúmeras referências à cultura pop e às nerdices que aparecem em cada episódio. Dos jogos de tabuleiros aos primeiros games de arcade, ST transborda de cultura jovem oitentista.
Aliás, não é exagero dizer que praticamente todos os elementos de Stranger Things estão interrelacionados em uma enorme trama nerd! E o cerne dela é um dos jogos mais clássicos e aclamados de todos os tempos: o Dungeons and Dragons.
Os maiores especialistas em Dungeons and Dragons afirmam que a mitologia da série é inteirinha baseada nos monstros, heróis e nas situações do famoso RPG. A personalidade dos principais atores e atrizes também. Mais do que isso: o próprio enredo da série bebe da fonte do Dungeons and Dragons em seus momentos mais marcantes, e a lore do jogo nos ajuda tanto a curtir melhor a série quanto a tentar adivinhar o que vai acontecer nas próximas temporadas.
Vamos relembrar alguns dos momentos mais marcantes da história destas duas temporadas de Stranger Things e ver como o mundo de D&D explica boa parte da trama, assim como pode fornecer dicas valiosas sobre os incidentes ‘estranhos’ prometidos para a Season 03! Nem precisa avisar, né?, mas lá vai: SPOILERS, SPOILERS e mais SPOILERS daqui para frente!
STRANGER DUNGEONS AND DRAGONS THINGS
Logo no início do primeiro episódio da primeira temporada (S01E01) de ST, a garotada da série aparece jogando uma animada partida de Dungeons and Dragons. Quem diria que esta simples referência à maneira como a molecada de 1983 passava o tempo continha tantos segredos…
D&D EM QUATRO PARÁGRAFOS!
Dungeons and Dragons é um RPG lançado originalmente em 1974, mas que ganhou enorme popularidade nos anos 1980. E é RPG classicão, do papel, dado e caneta, bem diferente dos games eletrônicos atuais!
Não é preciso muito para jogar o D&D clássico. Basta ter amigos, os dados do jogo e o livro de instruções, que será lido por um dos participantes (o “Dungeon Master”, ou “Mestre de Jogo” em português). Cada participante representa um personagem na história, de uma das várias classes pré-definidas de heróis (veja mais no box abaixo!). O Mestre de Jogo lê a história e os participantes interagem entre si tomando decisões, vencendo desafios e participando de aventuras épicas, tendo a sorte decidida por uma mistura de habilidades de seu personagem, inteligência na hora de propor soluções para os desafios, lances de dados e o juízo do Mestre de Jogo.
O Dungeons não foi o primeiro RPG a ser lançado. Mas possui uma história tão cativante, um mundo tão bem descrito e uma maneira de jogar tão inovadora que logo se tornou um grande sucesso pop. Mas a fama ‘de verdade’ só viria depois de algumas misteriosas polêmicas…
Olha a fake news aí, gente!
Como norte-americano adora uma história sensacionalista, o apogeu da fama do Dungeons and Dragons tem tudo a ver com uma onda de ‘fake news’ lá no início dos anos 1980.
Em 79, o estudante James Dallas Egbert sumiu de seu dormitório na Universidade de Michigan, causando um enorme fuzuê. Ninguém parecia saber o que havia acontecido com o menino. A polícia passou semanas procurando-o. Na verdade, depressivo, James tentou se matar, sem sucesso, e passou as semanas subsequentes escondido na casa de amigos. Nesse ínterim, sua família contratou um detetive particular, que logo associou a paixão de James pelo D&D a seu sumiço. A mídia rapidinho sentiu cheiro de sensacionalismo no ar e passou a divulgar que as partidas desse ‘obscuro’ jogo – que envolviam magia negra e criaturas infernais! – eram obviamente a causa do desaparecimento, já que elas aconteciam em locais perigosos (como túneis e pontes abandonadas!) e que provavelmente o menino havia se machucado durante uma dessas jogatinas e sido deixado para trás.
O caso foi tão impactante e tão mencionado na mídia nacional que um romance baseado nele foi lançado, chamado ‘Mazes and Monsters’. Em 1982, o livro virou filme, tendo como protagonista um jovem Tom Hanks (com a mesma cara de hoje em dia – mas com mais cabelo!). Atualmente, a película é lembrada por algumas das cenas mais hilariantemente ruins de todos os tempos! Para quem tiver coragem, confira o filme completo a seguir:
O caso de James não foi o único. Pouco tempo depois, novamente a mídia voltou a associar o D&D a casos de crimes – tudo desmentido por psicólogos após alguns anos, depois que a poeira baixou e um pouco mais de sanidade veio à tona. Inúmeras pesquisas e análises de especialistas provaram por A + B que o jogo não teve nada a ver com as histórias, como era de se esperar. Mas, em uma década em que a molecada começava a se interessar por outros tipos de diversão, como videogames e jogos de tabuleiro inovadores, o estilo diferentão do D&D, unido à sua estética ‘sobrenatural’, deixou muitos papais e mamães com os cabelos em pé…não é a toa que o jogo se tornou o mote ideal para um dos melhores seriados de suspense da atualidade!
Além do 1º episódio, o D&D só vai aparecer novamente no último ep da 1ª temporada. Mas elementos do jogo estão presentes durante todo o desenvolvimento da trama.
UNINDO A TRAMA DE ST À DE D&D
A começar pelo monstrengo principal da série: o Demogorgon.
Vamos falar a verdade: antes de Stranger Things, você provavelmente nunca tinha ouvido falar de Demogorgons, não é mesmo? Agora, já é possível encontrar estampas do ser demoníaco em almofadas e camisetas, comprar miniaturas em qualquer lojinha de quinquilharias…ele ficou tremendamente famoso, assim como sua ‘história de vida’.
O Demogorgon é o personagem do D&D que os meninos — SPOILER !! — sofrem tentando destruir durante as partidas do RPG na 1ª temporada — SPOILER !! —. Por ser tão terrível no jogo, eles apelidam o monstro ‘de verdade’ que aparece para atazanar a cidade de Hawkins com o mesmo nome. Mas as similaridades não param por aí. No Dungeons and Dragons, um Demogorgon é considerado o ‘Príncipe dos Demônios’, um ser extremamente poderoso que reina sobre um mundo chamado de Abismo, lar de inúmeros tipos de pestes do mal. Sua meta? Abrir as portas do Abismo e conectá-lo a este mundo aqui, liberando a pestilência toda para tocar o terror no nosso quintal. E é justamente isso que acontece no mundo de Stranger Things – especialmente durante a temporada 1.
Eventualmente, ainda na S01, nossa heroína-com-problemas-de-nariz Eleven derrota o Demogorgon. Mas o portal com o Outro Mundo continua aberto, e é a partir dele que os problemas voltam a brotar na temporada 2.
Existe uma ‘teoria’ bastante popular nos fóruns do Reddit de que cada um dos personagens principais de Stranger Things representa fielmente as características de uma das classes de personagens do jogo Dungeons and Dragons.
Será que você consegue associar a personalidade de cada criança a uma classe de herói?
- PALADINO – um lutador bravo e valente, que luta pelo bem e pela ordem
- BARDO – esperto, diplomático e bom com as palavras, o bardo consegue fugir dos perigos usando a lábia e a inteligência
- LADINO (ROGUE) – ótimo em se esconder e passar despercebido pelas situações
- RANGER – um caçador muito habilidoso e independente, que utiliza armas de longo alcance para atacar seus inimigos
- FEITICEIRO (SORCERER) – personagem inteligente e super concentrado, que possui a habilidade inata de utilizar poderes e magias, mesmo sem tê-las estudado antes.
Durante a segunda temporada de Stranger Things, duas coisas extremamente importante acontecem. A primeira é que o personagem Will é ‘possuído’ (por falta de termo melhor) por um monstro de outro mundo, compartilhando com ele certos sentidos e sendo utilizado como ‘espião’ para o malvado saber o que está acontecendo do lado de cá da realidade. A segundo é que surgem novos vilões – os temíveis cachorros-demogorgon. Muita gente achou que eles eram uma maneira meio besta de tornar o perigo do Demogorgon ainda pior para esta segunda temporada, multiplicando o bicho e dando a ele a velocidade dos doguinhos. Mas, na verdade, isso pode ser mais um link com o mundo do D&D que a série cria.
No S02E08, o ex-banguela Dustin compara o monstro que está controlando Will a um ‘Mind Flayer’, personagem conhecidíssimo do mundo de Dungeons and Dragons. Os Mind Flayers são seres terríveis, tiranos de outro mundo que habitam em cavernas do Underdark e que utilizam seus enormes poderes de controle da mente para passar a ceifadeira em raças inteiras e utilizá-las das maneiras mais vis. Além disso, possuem horrorosos tentáculos na face, que são utilizados para abusar dos cérebros dos incautos – o que lembra bastante a cena do monstro ‘invadindo’ o corpo de Will, se lembra? Mais um ponto em comum: os mind flayers agem de maneira coordenada, como se fossem agentes de uma colmeia do mal, pois existe um grande cérebro por trás de cada ação do grupelho maléfico. E é exatamente assim que os cachorros do mal se comportam.
A analogia de Dustin não poderia ser mais perfeita. As características físicas e de ‘habilidades’ dos monstros do Dungeons and Dragons batem direitinho com o a maneira como os vilões de Stranger Things agem durante a temporada 2.
Esse tipo de associação deixa bem claro que os criadores e produtores da série – os irmãos Duffer – usam e abusam da história de D&D para criar as situações terríveis que acontecem em Stranger Things. São vários pontos de conexão entre ambas as histórias, o que é um prato cheio para quem cresceu jogando esse divertido RPG e agora pode recordar, por meio do seriado, um pouquinho das emoções daquelas boas e velhas partidas!
E eis que chegamos ao que esperar da Temporada 3…
TADINHA DA ELEVEN: USANDO D&D PARA PREVER A S03!
Seguindo a história do Dungeons and Dragons, partimos dos Demogorgons para os Mind Flayers. O que fãs aficionados por D&D relataram é que o Flayers estão longe de ser os mais poderosos monstros de sua ‘classe’.
Mais fortes que os Mind Flayers são os Mind Flayer Arcanists e os Mind Flayer Liches. Basicamente, são versões ‘empoderadas’ dos mind flayers, com poderes de controle mental ainda mais perigosos. Além de serem ótimos na hora de chupinhar o cérebro dos inimigos, eles utilizam mágica e poderes mentais dos outros para aumentar sua própria capacidade mental.
E eis que surge a teoria mais terrível sobre a S03 de ST, baseada no conhecimento sobre D&D: a próxima vítima dos monstros do Underworld será ninguém menos que a Eleven!
Se, ao ‘invadir’ o pequeno Will, o monstro quase conseguiu destruir Hawkins e causar o maior auê, imagine do que ele não seria capaz se pudesse se aproveitar das incríveis habilidades ‘mágicas’ da Eleven! Seria o fim certeiro da cidade? Será que nossos pequenos amigos vão conseguir se safar desta versão anabolizada do Mind Flayer? Se o monstro unir seus poderes maléficos às habilidades da Eleven, nem o Chapolin será capaz de salvar a pacata cidade…
As apostas correm soltas sobre o que vai acontecer na próxima temporada de Stranger Things, que ainda nem tem previsão certeira de lançamento. Mas uma coisa é certa: que a história vai ter tudo a ver com um dos games mais populares dos anos 80, ah, isso vai!
Dungeons brazuca
Aqui no Metropoly você poderá jogar também o Hero Quest, da Estrela, uma versão incrivelmente clássica de um jogo de tabuleiro baseado em Dungeons and Dragons!
O Hero Quest foi originalmente lançado em 1989, nos Estados Unidos. Em uma época em que D&D estava fazendo o maior sucesso com a gurizada, o jogo tentava trazer as emoções do famoso RPG para os jogadores de boardgames. A história, os personagens, as situações…tudo é bastante similar ao D&D. Chamemos de uma “homenagem” ao RPG… Em 1994 a Estrela adaptou o jogo e trouxe-o para o Brasil – e você já pode jogar este clássico aqui com a gente!